sábado, 13 de julho de 2013

MENSAGEM – A VIDA DE JÓ NOS ENSINA QUE DEUS ESTÁ NO CONTROLE



 TEXTO BÍBLICO – JÓ 1.1
                1.1   Havia um homem na terra de Uz, cujo nome era Jó; homem íntegro e reto, temente a Deus e que se desviava do mal.

                INTRODUÇÃO
                Certa garota um tanto decepcionada, escreveu essa carta para seu pastor: Prezado Pastor, Saudações! Desde pequena sempre desejei ser psicóloga clínica para poder ajudar as pessoas. Passei no vestibular para psicologia, e o que mais me aflige hoje é não conseguir atuar na minha área por sentir-me um pouco abalada emocionalmente em função de muitas coisas que aconteceram em minha vida. Bem durante o período da faculdade, minha mãe descobriu que tinha câncer. Assim lutamos como família pela sua recuperação, mas de nada adiantou, e ela veio a falecer. Depois, meu noivo que eu tanto amava sofreu um acidente de carro e também faleceu. Nesse período perdi um irmão pois reagiu a um assalto, e hoje meu outro irmão luta para sobreviver pois é soropositivo. Minha maior dificuldade é chorar. Tenho medo de começar e não parar mais. Fica tudo preso no peito e as vezes acho que não vou agüentar tantas dificuldades. Por hoje é só. Muito obrigada!     
O livro de Jó é um dos livros mais antigos da Bíblia Sagrada. Provavelmente Jó viveu antes do patriarca Abraão. O livro conta a história de um homem chamado Jó que teve uma vida e problemas incomuns. Jó era um homem admirável. Homem íntegro e reto diz as escrituras. O homem mais rico de todo oriente. O livro é uma referência ao problema do sofrimento humano. Vamos aprofundar!
CONHECENDO JÓ (1.1-6)
1.1   Havia um homem na terra de Uz, cujo nome era Jó; homem íntegro e reto, temente a Deus e que se desviava do mal. 1.2   Nasceram-lhe sete filhos e três filhas. 1.3   Possuía sete mil ovelhas, três mil camelos, quinhentas juntas de bois e quinhentas jumentas; era também mui numeroso o pessoal ao seu serviço, de maneira que este homem era o maior de todos os do Oriente. 1.4   Seus filhos iam às casas uns dos outros e faziam banquetes, cada um por sua vez, e mandavam convidar as suas três irmãs a comerem e beberem com eles. 1.5   Decorrido o turno de dias de seus banquetes, chamava Jó a seus filhos e os santificava; levantava-se de madrugada e oferecia holocaustos segundo o número de todos eles, pois dizia: Talvez tenham pecado os meus filhos e blasfemado contra Deus em seu coração. Assim o fazia Jó continuamente.
Estamos diante de um grande homem de Deus. Isto não significa perfeito; significa que ele não fazia concessões aos erros morais. Seus negócios eram feitos com integridade. Ele cumpria a sua palavra. Tratava os outros com justiça. Como resultado, era respeitado pelos que o rodeavam, quer dentro ou fora da família. Era reto. Respeitava a Deus e evitava constantemente o mal. Era um homem de caráter.
No que se referia à família, Jó tinha sido abençoado com sete filhos e três filhas. Na ocasião em que a história de Jó é contada, os dez já são adultos. A vida dele estava em seu apogeu.
Naquele ponto ele havia acumulado um grande número de bens. Entre eles, 7.000 ovelhas. Grande parte da lã dos animais era vendida. O sustento da família seria obtido desses animais e de acres de plantações. Havia também 3.000 camelos. Ele possuía mil bois, que trabalhavam em pares para arar os campos férteis, preparando o solo para a plantação de sementes que eram mais tarde colhidas, provendo abundância de alimento. Sabemos também que havia 500 jumentas.
Ele levantava de madrugada e fazia ofertas pelo pecados dos filhos se houvessem cometido. Ao oferecer dez ofertas queimadas em nome de cada jovem adulto, ele se preocupava com a idéia de que poderia haver no coração deles uma pitada de desobediência, ou que talvez um deles tivesse contado uma piada vulgar durante seus encontros frequentes.
Jó é profundamente zeloso — espiritualmente sensível não só em relação à sua vida, mas no que se referia à coerência da vida de seus filhos. Homem de oração. Puro. Verdadeiro sacerdote.
A CENA MUDA (1.6-12)
                1.6   Num dia em que os filhos de Deus vieram apresentar-se perante o SENHOR, veio também Satanás entre eles. 1.7   Então, perguntou o SENHOR a Satanás: Donde vens? Satanás respondeu ao SENHOR e disse: De rodear a terra e passear por ela. 1.8   Perguntou ainda o SENHOR a Satanás: Observaste o meu servo Jó? Porque ninguém há na terra semelhante a ele, homem íntegro e reto, temente a Deus e que se desvia do mal. 1.9   Então, respondeu Satanás ao SENHOR: Porventura, Jó debalde teme a Deus? 1.10   Acaso, não o cercaste com sebe, a ele, a sua casa e a tudo quanto tem? A obra de suas mãos abençoaste, e os seus bens se multiplicaram na terra. 1.11   Estende, porém, a mão, e toca-lhe em tudo quanto tem, e verás se não blasfema contra ti na tua face. 1.12   Disse o SENHOR a Satanás: Eis que tudo quanto ele tem está em teu poder; somente contra ele não estendas a mão. E Satanás saiu da presença do SENHOR.
É preciso fazer uma pausa no final do versículo. Se este fosse um romance, você viraria a página e iria para o próximo capítulo da história. Os versículos 1 a 5 estão cheios de boas notícias, bênçãos maravilhosas, integridade nos negócios, pureza de coração, fidelidade de vida. O homem é espiritualmente maduro, diligente no lar e respeitado em sua profissão.
Houve um dia no salão do trono de Deus. Somos levados do cenário familiar terreno para a cena desconhecida da presença de Deus no céu. Ao olhar à sua volta, o Senhor Deus vê seus servos angélicos que vieram para se apresentar diante dele. Presente entre eles encontra-se um intruso. Alguém que não se acha entre os anjos selecionados.
Seu nome é Diabo que significa adversário. Pedro nos diz que “Deus não poupou a anjos que pecaram, mas os lançou no inferno, prendendo-os em abismos tenebrosos a fim de serem reservados para o juízo” (2Pe 2.4)  . O pecado deles parece ter sido o do orgulho, a recusa em aceitar seu lugar designado, pois eles “não conservaram suas posições de autoridade mas abandonaram sua própria morada” (Jd 6). Existe uma referência à queda de Satanás, o príncipe dos demônios, em Isaías 14: Como você caiu dos céus, ó estrela da manhã, filho da alvorada! Como foi atirado à terra, você, que derrubava as nações! Você, que dizia no seu coração: ‘Subirei aos céus; erguerei o meu trono acima das estrelas de Deus; eu me assentarei no monte da assembléia, no ponto mais elevado do monte santo. Subirei mais alto que as mais altas nuvens; serei como o Altíssimo'. Mas às profundezas do Sheol você será levado, irá ao fundo do abismo! (Is 14.12-15; cf. Ez 28.11-19).
Senhor Deus vê o intruso e fala com ele: “Donde vens?” (Jó 1:7). A resposta de Satanás é: “De rodear a terra e passear por ela” (Jó 1:7). Senhor então indaga: “Observaste o meu servo Jó?” (Jó 1:8). Ao ouvir a palavra mal, a fonte do mal responde: “Porventura, Jó debalde teme a Deus?” (Jó 1:9). O Acusador continua: “Acaso não o cercaste com sebe, a ele, a sua casa e a tudo quanto tem?” (Jó 1:10).
“Estende, porém, a mão, e toca-lhe em tudo quanto tem, e verás se não blasfema contra ti na tua face” (Jó 1:11). “Faça com que ele desça ao pó, como o resto dos humanos tem de viver, e verá do que ele é feito. Vai voltar-se contra você num instante!”
Deus já ouvira o suficiente: “Disse o Senhor a Satanás: Eis que tudo quanto ele tem está em teu poder” (Jó 1:12). Veja o bilhete de permissão que ele entrega a Satanás: “Tudo o que ele tem está em teu poder.” E ele acrescenta uma advertência: “Somente contra ele não estendas a mão” (Jó 1:12). “Não toque na sua vida. Nao toque em seu corpo, em sua alma ou sua mente. Você pode remover seus bens e atacar sua família, mas depois deixa o homem.

JÓ PERDEU TODOS OS SEUS BENS (1.13-17).
1.13   Sucedeu um dia, em que seus filhos e suas filhas comiam e bebiam vinho na casa do irmão primogênito,1.14   que veio um mensageiro a Jó e lhe disse: Os bois lavravam, e as jumentas pasciam junto a eles; 1.15   de repente, deram sobre eles os sabeus, e os levaram, e mataram aos servos a fio de espada; só eu escapei, para trazer-te a nova.1.16   Falava este ainda quando veio outro e disse: Fogo de Deus caiu do céu, e queimou as ovelhas e os servos, e os consumiu; só eu escapei, para trazer-te a nova.1.17   Falava este ainda quando veio outro e disse: Dividiram-se os caldeus em três bandos, deram sobre os camelos, os levaram e mataram aos servos a fio de espada; só eu escapei, para trazer-te a nova.
De repente, alguém bateu forte na porta da sua casa. Uma vez aberta a porta, a vida de Jó jamais será a mesma. Parece o telefone que toca no meio da noite ou a batida inesperada em sua porta da frente.Deus, então permite a Satanás tocar nos bens. O homem mais rico do perde tudo, vai à falência, mas não perde a sua fé. Jó amava mais a Deus do que o dinheiro. A tese de Satanás caiu por terra!
JÓ ADORA A DEUS (1.20-22)
1.20   Então, Jó se levantou, rasgou o seu manto, rapou a cabeça e lançou-se em terra e adorou; 1.21   e disse: Nu saí do ventre de minha mãe e nu voltarei; o SENHOR o deu e o SENHOR o tomou; bendito seja o nome do SENHOR! 1.22   Em tudo isto Jó não pecou, nem atribuiu a Deus falta alguma.
Esta é a reação de Jó: lançou-se em terra e adorou. Depois de perder seus bens e riquezas, ele ainda encontra forças para adorar. Depois de enterrar seus 10 filhos ele diz: o SENHOR o deu e o SENHOR o tomou; bendito seja o nome do SENHOR!  
Penso no conflito daquela sua primeira noite dolorosa, tentando dormir depois de sepultar seus dez filhos com as próprias mãos, deitado ao lado da mulher que suportara igualmente a perda, quando tudo lhe parecia envolto em uma espécie de névoa. Havia, porém, mais a sofrer.

SEGUNDO ROUND (2.1-6)
O segundo round começa no segundo capítulo: 2.1   Num dia em que os filhos de Deus vieram apresentar-se perante o SENHOR, veio também Satanás entre eles apresentar-se perante o SENHOR. 2.2   Então, o SENHOR disse a Satanás: Donde vens? Respondeu Satanás ao SENHOR e disse: De rodear a terra e passear por ela. 2.3   Perguntou o SENHOR a Satanás: Observaste o meu servo Jó? Porque ninguém há na terra semelhante a ele, homem íntegro e reto, temente a Deus e que se desvia do mal. Ele conserva a sua integridade, embora me incitasses contra ele, para o consumir sem causa. 2.4   Então, Satanás respondeu ao SENHOR: Pele por pele, e tudo quanto o homem tem dará pela sua vida. 2.5   Estende, porém, a mão, toca-lhe nos ossos e na carne e verás se não blasfema contra ti na tua face. 2.6   Disse o SENHOR a Satanás: Eis que ele está em teu poder; mas poupa-lhe a vida.
Satanás não quis deixar por menos e respondeu atrevidamente, como se dizendo: “De modo algum! Pele por pele. O homem dará tudo que tem para proteger sua vida. Mas ele ainda está rodeado pela sua cerca. Ainda recebe tratamento privilegiado. Não poderá sustentar-se sem os seus animais e prédios, mas ainda tem a sua saúde. Os filhos se foram, mas o casal pode ter outros. Permita que eu avance. Dê-me liberdade para quebrantá-lo ao máximo, tirando a sua saúde, e ele irá amaldiçoá-lo, em sua face.”

JÓ PERDEU A SUA SAÚDE (2.7-8)
2.7   Então, saiu Satanás da presença do SENHOR e feriu a Jó de tumores malignos, desde a planta do pé até ao alto da cabeça. 2.8   Jó, sentado em cinza, tomou um caco para com ele raspar-se.
Jó havia provado que amava mais a Deus do que ao dinheiro e filhos. Agora, Satanás dá mais uma cartada e insinua que ninguém ama mais a Deus do que a si mesmo. Satanás ataca: "... Pele por pele! Tudo quanto um homem tem ele dará por sua vida" (Jó 2.4).
Deus deu permissão a Satanás para ferir Jó, sem, contudo, tirar-lhe a vida (Jó 2.6). Satanás feriu Jó (Jó 2.7) espalhando feridas malignas em todo o seu corpo. Com a pele necrosada, Jó se raspava com um caco. Sua dor era insuportável. Ficou magro.
Feridas inflamadas, ulcerosas Jó 2:7
Coceira contínua Jó 2:8
Mudanças degenerativas na pele do rosto, desfiguração Jó 2:12
Perda de apetite Jó 3:24
Medo e depressão Jó 3:25
Feridas purulentas que se abrem, coçam, racham e supuram Jó 7:5
Vermes formados nas feridas Jó 7:5
Dificuldade para respirar Jó 9:18
Escurecimento da pálpebra Jó 16:16
Mau hálito Jó 19:17
Perda de peso Jó 19:20; 33:21
Dor excruciante, contínua Jó 30:27
Febre alta com arrepios e descoloração da pele, assim como ansiedade e diarréia Jó 30:30
Mesmo nessa situação, Jó não blasfema. Ele levanta ao céu dezesseis vezes a pergunta: Por que estou sofrendo? Porque minha dor não cessa? Por que perdi os meus filhos? Por que eu não morri no ventre da minha mãe? Por que eu não morri ao nascer? Por que o Senhor não me mata de uma vez? Jó espremeu todo o pus de sua ferida, mas permaneceu íntegro e reto!

JÓ PERDEU O APOIO DA SUA MULHER (2.9,10)
2.9   Então, sua mulher lhe disse: Ainda conservas a tua integridade? Amaldiçoa a Deus e morre.2.10   Mas ele lhe respondeu: Falas como qualquer doida; temos recebido o bem de Deus e não receberíamos também o mal? Em tudo isto não pecou Jó com os seus lábios.
A mulher de Jó não suportou a pressão. Ao ver seu mundo desmoronar sobre sua cabeça, contemplando sua derrocada financeira, a perda amarga de seus filhos e a condição aviltante do seu mando, cerrou os punhos contra Deus e, cheia de mágoa e revolta, dirige-se a seu marido nesses termos: "... Tu ainda te manténs íntegro? Amaldiçoa a Deus e morre" (Jó 2.9). Jó, porém, respondeu: “... tu falas como uma louca. Por acaso receberemos de Deus apenas o bem e não também a desgraça? Em tudo isso Jó não pecou com os lábios" (Jó 2.10).
Não podemos criticar a posição desta mulher. Primeira, ela também perdera dez filhos. Até que você ou eu tenhamos perdido todos os nossos fihos, é preciso ter cuidado para não criticar alguém que esteja passando por essa tristeza profunda. Quem sabe o que faríamos diante de uma perda como essa?
Segunda, ela também sofrera a perda de sua riqueza e bens. Como toda mulher cujo marido alcançou um alto nível de segurança financeira poderia testemunhar, esse estilo de vida produz benefícios e prazeres que dão grande satisfação. Os muitos bens destruídos pertenciam também a ela; faziam parte deles o seu gado, a sua casa. Ela ficou repentinamente reduzida ao mesmo nível dele no plano económico.

JÓ RECEBE A VISITA DOS AMIGOS (2.11-13)
2.11   Ouvindo, pois, três amigos de Jó todo este mal que lhe sobreviera, chegaram, cada um do seu lugar: Elifaz, o temanita, Bildade, o suíta, e Zofar, o naamatita; e combinaram ir juntamente condoer-se dele e consolá-lo. 2.12   Levantando eles de longe os olhos e não o reconhecendo, ergueram a voz e choraram; e cada um, rasgando o seu manto, lançava pó ao ar sobre a cabeça. 2.13   Sentaram-se com ele na terra, sete dias e sete noites; e nenhum lhe dizia palavra alguma, pois viam que a dor era muito grande.
Não demorou muito depois desta calamidade para que as notícias sobre Jó chegassem ao conhecimento da maioria de seus amigos. O homem tinha muitos amigos, não só aqueles que foram vê-lo naquele dia. Todos souberam que Jó tivera problemas, problemas trágicos. Só alguns, porém, decidiram viajar para estar com ele. Não sabemos quase nada sobre esses homens. Não sabemos ao certo onde moravam originalmente. São simplesmente chamados de “os três amigos de Jó”.
No capítulo 32 vamos encontrar um quarto amigo - mais moço do que esses três. Seu nome é Eliú. Quando Eliú entra na história, ele diz que é mais moço e admite ser tímido. Fica então nas sombras por algum tempo. Três ciclos de diálogos ocorrem entre Jó e esses três amigos originais, enquanto Eliú se mantém em silêncio.
A DEPRESSÃO DE JÓ (3.1-3)
3.1   Depois disto, passou Jó a falar e amaldiçoou o seu dia natalício. 3.2   Disse Jó: 3.3   Pereça o dia em que nasci e a noite em que se disse: Foi concebido um homem!
No capítulo 3 nos é apresentado um Jó ser humano, é não um super-herói. Uma pessoa que está triste, deprimida, exausta. Se ele estivesse no hospital hoje, um aviso de Visitas Proibidas teria sido colocado em sua porta.
Jó se encontra no fundo de seu barril emocional por ter perdido muitas coisas. Durante muitos anos, Deus parecia íntimo. Enquanto o negócio cresceu, as caravanas de camelo se multiplicaram, grandes colheitas foram ceifadas e o lucro começou a entrar aos borbotões, abençoando a ele e sua família com enorme prosperidade, Jó e Deus permaneceram em comunicação.
Como já vimos, ele perdeu tudo — todos os animais, sua casa, os dez filhos adultos e, finalmente, sua saúde.
Deus não disse: “Que vergonha, Jó!” Deus pôde lidar com as palavras de Jó. Ele compreendeu a razão dele de ter dito o que disse. Deus pode lidar com tudo.  Jó não reteve a sua dor.
A psiquiatra Kubler-Ross (ROSS-1997) descreve em cinco estágios esse processo: A Negação, diz ela, é a primeira resposta à notícia de uma doença fatal: “Deve haver algum engano, não pode ser”. A raiva trás a pergunta: “Por que eu?”. Negociar é a terceira resposta, uma tentativa de adiar o inevitável, promessas em troca de mais algum tempo. Depressão, o quarto estágio, é o sentimento de pesar. Aceitação é o estágio final.

OS AMIGOS DE JÓ O ACUSAM
Os dois capítulos iniciais do Livro de Jó e os 11 versículos finais do último capítulo, capítulo 42, são escritos em forma narrativa. Do capítulo 3.1 até 42.6 são escritos em forma de poesia e por isto que o livro de Jó está entre os livros poéticos na Bíblia.
Este trecho (capítulo 3.1 até 37) temos a discussão entre Jó e seus amigos a respeito do sofrimento que Jó estava enfrentando. Os três amigos de Jó, Elifaz, Bildade e Zofar, “fazem rodízio” ao dialogar com ele. Suas palavras aparecem em ciclos — três ciclos, para ser exato.
No primeiro ciclo, Elifaz fala, e Jó responde. A seguir, Bildade é quem fala, e Jó responde. Finalmente, é a vez de Zofar. Ele faz seus comentários iniciais, e Jó responde. Nesse ponto termina o primeira série.
Depois disso, Elifaz volta à cena para começar o segundo ciclo de diálogos. Ele é aparentemente o mais velho do grupo. Naqueles dias, a idade era honrada como prioritária. Assim sendo, como antes, Elifaz fala primeiro, em seguida Bildade e por último Zofar. Jó responde a cada um. Quando chegamos ao terceiro ciclo, por alguma razão não revelada, Zofar retira-se do diálogo.
Vamos observar o conselho de seus amigos. Elifaz diz: 4.4   As tuas palavras têm sustentado aos que tropeçavam, e os joelhos vacilantes tens fortificado. 4.5   Mas agora, em chegando a tua vez, tu te enfadas; sendo tu atingido, te perturbas.
Nem todo conselho é um bom conselho! Os três amigos de Jó, Elifaz, Bildade e Zofar, vieram de longe e se condoeram de Jó durante uma semana; mas, quando abriram a boca, tornaram-se consoladores molestos. Em vez de serem terapeutas da alma, tornaram-se geladores insolentes.

UMA TEOLOGIA ERRADA (22.7-10)
22.7   Você não dava água para as pessoas cansadas nem comida aos que tinham fome. 22.8   Você usou a sua posição e o seu poder para se tornar o dono da terra. 22.9   Você roubou e maltratou os órfãos e nunca ajudou as viúvas. 22.10   Por isso, agora você está cercado de perigos, e, de repente, o medo toma conta de você. (Jó 22.7-10).
Os amigos de Jó tinham uma teologia errada! Eles achavam que Jó estava passando por tudo isto porque tinha pecado.
Lembro-me de quando meu pai faleceu num acidente de moto, um rapaz me abordou numa livraria evangélica e me perguntou se eu era filho do homem que estava internado na UTI com traumatismo craniano. Eu respondi que sim. Então ele me pediu para que fizéssemos uma oração. Aceitei! Na oração ele dizia: Deus, revela o pecado deste homem que foi acometido por esta doença!
Infelizmente, tem pastores que ensinam que o cristão genuíno não pode sofrer. E se estiver sofrendo é fruto do pecado.
A Bíblia diz que Jó era integro, temente a Deus e que se desviava do mal. Até o próprio Deus tinha orgulho do seu servo Jó. Porém os amigos de Jó jogaram contra Jó as mais pesadas e levianas acusações. Insinuaram que Jó havia se enriquecido desonestamente. Acusaram Jó de graves pecados morais. Questionaram a piedade de Jó. Encurralaram a pobre vítima prostrada na cinza com argumentos impiedosos.

DEUS SE REVELA A JÓ (38.1-4)
38.1   Depois disto, o SENHOR, do meio de um redemoinho, respondeu a Jó: 38.2   Quem é este que escurece os meus desígnios com palavras sem conhecimento? 38.3   Cinge, pois, os lombos como homem, pois eu te perguntarei, e tu me farás saber. 38.4   Onde estavas tu, quando eu lançava os fundamentos da terra? Dize-mo, se tens entendimento.
Deus quebra o silêncio e faz dois “discursos”. Sua primeira mensagem está registrada em Jó 38:1-40:5. A segunda começa em Jó 40:6. Resumidamente Deus está perguntando: “Jó, é você que criou o mundo e governa a criação?”.
A resposta de Jó é humilde: 40.3   Então, Jó respondeu ao SENHOR e disse: 40.4   Sou indigno; que te responderia eu? Ponho a mão na minha boca. 40.5   Uma vez falei e não replicarei, aliás, duas vezes, porém não prosseguirei.


A RESPOSTA DE JÓ (42.1-6)
42.1   Então, respondeu Jó ao SENHOR: 42.2   Bem sei que tudo podes, e nenhum dos teus planos pode ser frustrado. 42.3   Quem é aquele, como disseste, que sem conhecimento encobre o conselho? Na verdade, falei do que não entendia; coisas maravilhosas demais para mim, coisas que eu não conhecia. 42.4   Escuta-me, pois, havias dito, e eu falarei; eu te perguntarei, e tu me ensinarás. 42.5   Eu te conhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos te vêem. 42.6   Por isso, me abomino e me arrependo no pó e na cinza.
Você sabe o que Jó finalmente compreendeu? Deus é a essência de tudo, e não eu. Jó entendeu! E o que isso significa? O propósito de Deus está-se desenrolando, e não posso impedi-lo. O plano de Deus é incrível, e não vou compreendê-lo. A reprovação de Deus é confiável, e não ouso ignorá-la. O caminho de Deus é o melhor, e não devo resistir a ele.

JUSTIÇA EM RELAÇÃO AOS AMIGOS DE JÓ (42.7-9)
42.7   Tendo o SENHOR falado estas palavras a Jó, o SENHOR disse também a Elifaz, o temanita: A minha ira se acendeu contra ti e contra os teus dois amigos; porque não dissestes de mim o que era reto, como o meu servo Jó. 42.8   Tomai, pois, sete novilhos e sete carneiros, e ide ao meu servo Jó, e oferecei holocaustos por vós. O meu servo Jó orará por vós; porque dele aceitarei a intercessão, para que eu não vos trate segundo a vossa loucura; porque vós não dissestes de mim o que era reto, como o meu servo Jó. 42.9   Então, foram Elifaz, o temanita, e Bildade, o suíta, e Zofar, o naamatita, e fizeram como o SENHOR lhes ordenara; e o SENHOR aceitou a oração de Jó.
Uma vez ouvida a confissão de arrependimento de seu servo, o Senhor volta sua atenção para os três amigos. Deus não se agradou dos “conselhos” dados a Jó. E mandou aqueles amigos oferecerem um holocausto para o perdão dos pecados. E Jó deveria orar por eles!

FINAL DA VIDA DE JÓ (42.10-17)
42.10   Mudou o SENHOR a sorte de Jó, quando este orava pelos seus amigos; e o SENHOR deu-lhe o dobro de tudo o que antes possuíra. 42.11   Então, vieram a ele todos os seus irmãos, e todas as suas irmãs, e todos quantos dantes o conheceram, e comeram com ele em sua casa, e se condoeram dele, e o consolaram de todo o mal que o SENHOR lhe havia enviado; cada um lhe deu dinheiro e um anel de ouro. 42.12   Assim, abençoou o SENHOR o último estado de Jó mais do que o primeiro; porque veio a ter catorze mil ovelhas, seis mil camelos, mil juntas de bois e mil jumentas. 42.13   Também teve outros sete filhos e três filhas. 42.14   Chamou o nome da primeira Jemima, o da outra, Quezia, e o da terceira, Quéren-Hapuque. 42.15   Em toda aquela terra não se acharam mulheres tão formosas como as filhas de Jó; e seu pai lhes deu herança entre seus irmãos. 42.16   Depois disto, viveu Jó cento e quarenta anos; e viu a seus filhos e aos filhos de seus filhos, até à quarta geração. 42.17   Então, morreu Jó, velho e farto de dias.
De repente: Os tumores somem, sem deixar cicatrizes. A febre se vai quando uma brisa suave o refresca. Os amigos sorriem e aplaudem. Ele pode voltar para casa, e a propriedade que constrói tem o dobro do tamanho da outra! Certa manhã, algum tempo depois, na mesa do café, sua esposa inclina-se sobre o ombro dele e sussurra com um sorriso: “Estou grávida!”
Sabe o que mais é maravilhoso? O silêncio de Satanás. O Adversário permanece silencioso na derrota.
Os bens de Jó foram duplicados. O Senhor restaurou a prosperidade de Jó quando ele orou pelos amigos. A última parte do versículo explica o que isto significa: “E o Senhor deu-lhe o dobro de tudo o que antes possuíra” (Jó 42:10). Ficamos também sabendo da multiplicação entre os animais com o passar do tempo: “Assim, abençoou o Senhor o último estado de Jó mais do que o primeiro” (Jó 42:12).
Se voltar para Jó 1:3, você lerá o que Jó possuía originalmente. Ele tinha 7.000 ovelhas e acaba com 14.000. Seus rebanhos então crescem enquanto ele os alimenta e cria. O número deles aumenta até o dobro do tamanho. Há fartura de alimento. Há também muito pasto, e as ovelhas chegam a 14.000. Ele não tem mais 3.000 camelos, mas 6.000. Todos os filhos de Jó são substituídos. “Também teve outros sete filhos e três filhas” (Jó 42:13).
              
 PROVAÇÕES IMERECIDAS, MAS QUE SÃO PERMITIDAS
                Você leu certo. A vida inclui provações que não merecemos, mas que devem, mesmo assim, ser suportadas.
Nunca poderemos explicar ou compreender completamente o mistério da vontade insondável de Deus. Não tente agarrar cada fio do seu plano profundo. Se resistir neste ponto, ficará cada vez mais confuso, ressentido e finalmente amargo. Satanás vai então vencer.          
                Suporte a provação permitida por Deus. Nada toca a sua vida que não tenha passado primeiro pelas mãos de Deus. Ele tem pleno controle e tem o direito soberano de permitir provações que não merecemos por ser Quem é.

 HÁ UM PLANO QUE NÃO COMPREENDEREMOS, MAS QUE É O MELHOR
                Embora cada segmento desse plano possa não ser justo ou agradável, ele coopera para o bem. A enfermidade que Jó teve de suportar mais tarde não foi boa em si ou de si mesma. Mas colaborou para o bem.                Nossa perspectiva é extremamente limitada. Nós temos uma visão restrita do tempo. A visão de Deus, porém, é panorâmica. O vasto plano cósmico de Deus está em operação agora, e ele não sente a necessidade (nem tem obrigação) de explicá-lo a nós.
                O silêncio da voz de Deus fará você pensar se ele está mesmo lá. A ausência da presença de Deus fará você imaginar se ele sequer se importa. Ele está lá. E ele se importa: 20.24   Os passos do homem são dirigidos pelo SENHOR; como, pois, poderá o homem entender o seu caminho (Provérbios).

                CONCLUSÃO
                Uma jovem judia no gueto de Varsovia, conseguiu fugir pulando um muro e foi se esconder numa caverna. Infelizmente ela nao sobreviveu e seu corpo foi encontrado assim que o exercito dos aliados chegou a Polonia. Antes de sua morte, porem, ela rabiscou tres frases na parede. A primeira dizia: "Eu creio no sol, mesmo que ele não esteja brilhando”. A segunda: “Eu creio no amor, mesmo quando eu não o sinta”. A terceira: “Eu creio em Deus, mesmo que ele fique em silêncio”.
                “Tendes ouvido da paciência de Jó” (Tg 5:11).   Um professor de História disse certa vez: “Se Colombo tivesse voltado, ninguém o culparia, mas também ninguém se lembraria dele.” A única razão pela qual nos lembramos de Jó com admiração é porque ele perseverou.

Por Pr. Daniel Dutra.


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